Quem teceu esta lonjura
Nos labirintos do mar eterno
Neste sol de pouca dura
Num sol tão breve de um longo inverno
Este cântico sombrio
Traz um queixume, um desalento
É um carrossel vazio
Num lento e triste movimento
Deste mar encapelado
Meu coração é prisioneiro
É um barco alucinado
Que se perdeu no nevoeiro
Sempre que a noite regressa
A respirar melancolia
Vens tecer uma promessa
Urdir a tua tapeçaria
Vais tecendo ó tecedeira
Um segredo no tear
Um silêncio ó tecedeira
Que eu quero desvendar
À flor da terra, à flor do mar
À flor da terra, à flor do mar
Num amor desencontrado
Canções que o tempo não esqueceu
Hás-de ser meu chão lavrado
Sei que nem tudo se perdeu
Voa, voa, garajau
Vem desenhar num golpe de asa
Resgatar a minha nau
Que naufragou na maré vaza
Vais tecendo ó tecedeira
Um segredo no tear
Um silêncio ó tecedeira
Que eu quero desvendar
À flor da terra, à flor do mar
À flor da terra, à flor do mar